Não há justiça
No amor.
Na vida.
Os sentimentos não são justos
Com quem fica,
Com quem vai,
Ou apenas passa,
Sem intenção alguma
De ser cruel.
O que sente,
Apesar de toda a força,
Não é forte o bastante
Para me deter,
Para me convencer.
E o que sinto,
Ou não sinto,
É inexplicável para você.
Não é justo...
Que pense que estou bem,
E eu não encontre palavras
Para dizer a verdade.
Não é justo...
Que acredite no que vê,
Sem se questionar
Acerca da veracidade
De suas constatações.
Não é justo...
Que não duvide da tranquilidade,
Da segurança
Que me cerca.
Que se deixe levar por olhares duros
E por faces inexpressivas.
Que não perceba os detalhes,
As senhas,
As deixas,
A tristeza oculta,
E as lágrimas escondidas.
Lágrimas.
Daquelas para serem choradas à noite,
Sozinho,
Sem que ninguém veja.
Não por vergonha,
Mas porque ninguém,
Além de quem chora,
Entenderia.
Não há justiça...
Quando o que resta é o silêncio
E dele se espera todas as respostas.
Quando a sentença devora,
Igualmente,
Algozes e vítimas.
Não há justiça.
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