Conto as horas,
Impaciente.
Com a ponta do dedo,
Cutuco o vidro do relógio,
Tentando acordar os ponteiros,
A fim de apressar o tempo.
Ando de um lado para o outro,
Percorrendo, inúmeras vezes,
O mesmo espaço.
Com a mesma velocidade,
Dias e anos se arrastam,
Sem demonstrar intenção alguma de serem,
Ao menos,
Um pouco mais rápidos.
A mesma sala.
A mesma mobília.
A mesma casa,
Todos os dias.
Se chove ou faz sol, já não sei,
Pois há tempos não olho pela janela.
Na verdade, há tempos perdi o interesse
Pelas coisas que acontecem lá fora.
Como criança impaciente, sento, emburrado.
Bato o pé. Respiro fundo.
Quando isso vai terminar?
Ainda falta muito?
Vejo-me menino, outra vez.
Pelos cantos, sorrateiro.
Incomodado com as visitas que demoram.
Podemos ir embora agora?
Mas ninguém vem me buscar.
Já não há quem me pegue pela mão
E me tire desse sonho ruim.
Estou em uma casa de estranhos,
Cercado por desconhecidos.
Estou sozinho,
Perdido,
E sem vontade alguma de encontrar um caminho.
Estou cansado.
Quero dormir.
Diga-me, por favor...
Quanto tempo falta para a vida acabar?
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