quarta-feira, 6 de junho de 2012

Abraço


Já que falar está tão difícil,
Vamos ficar em silêncio.


Vamos selar a noite com um abraço.
Um beijo no rosto.
Um pretexto disfarçado de acaso
Para um próximo encontro.

Vamos fazer de conta
Que não há nada mal resolvido.
Que tudo está claro, seguro
E definido.

Vamos fazer de conta
Que a amizade, finalmente,
Encontrou seu lugar entre nós.

Amanhã,
Vamos brincar de bons modos,
De gentilezas exageradas,
De zelo descomunal.

Voltaremos a cultivar formalidades.
Limites.
Mentiras bem intencionadas.

Mas hoje,
Enquanto a noite não termina,
Só quero que me abrace,
Mesmo sem vontade,
E divida esse momento comigo.

Me abrace,
E me mate em pensamento,
Se assim quiser.

Feche os olhos.
Não diga nada.
Apenas me deixe ficar aqui,
Onde sempre quis estar.

Se seus braços não puderem retribuir,
Peço que me deixe aproveitar
Esse momento tão meu.

E se não puder sentir,
Deixe-me tentar.
Por nós dois.

Que você veja como loucura
Ou desespero.
Desde que eu não precise sair daqui.


Amanhã, novamente,
Estará livre para me esquecer.
Mas agora, e mesmo que apenas agora,
Deixe-me, por favor,
Ficar em você.

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