terça-feira, 5 de junho de 2012

Agonia

Eu, que sempre esperei ansiosamente pela noite,
Agora me vejo com medo do anoitecer,
Pois é nessa hora que tudo toma forma
E se revela.

Desejos.
Lembranças.
Esperanças.
Ilusões.

Sob a luz fraca da razão,
Todos os sentimentos se reúnem,
E, numa brincadeira doentia,
Infligem tudo o que podem,
No menor tempo possível.

Já não tenho vontade de voltar para casa, pois,
Quando chegar,
Encontrarei tudo do mesmo jeito.

Minha vida,
Todos os dias,
Termina ao entardecer.

Depois disso, apenas agonia.
Um sentimento de quase morte.
Inércia.
Apatia.
Que se estende até o amanhecer.

E no dia seguinte, quando desperto,
Guardo, bem fundo, tudo aquilo que me assombra.

Passo pelo dia.

Desconverso.

Dissimulo.

Mas conforme as horas avançam,
Sinto que se aproxima.

Em pouco tempo, outra vez,
Estarei imerso no desespero.

Uma jornada árdua,
Inevitável.

Cruzo a madrugada aos tropeços.

Finalmente, depois de tanto fugir,
Caio cansado
E adormeço.

Sonhos e fragmentos de vida se misturam.
A realidade, por um breve instante, me concede uma trégua.

Mais uma noite vencida.
Mais uma noite mentida.
Mais uma de tantas outras.

Mais uma de muitas, ainda.

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