De vez em quando
Sem aviso, sem anúncio
Uma tranquilidade me invade
E é, assim, tão específica
Que consigo identificar
Dentre tantas outras
Tão comuns
E pobres de sentido
Misto
De acalento e apatia
Braços delicados
Cujo abraço envolvente
Deixa no ar aquele perfume
Aquele cheiro morno e gostoso
De falsas lembranças
Que atiça a esperança
Iludindo-a
Com a promessa de dias melhores
É uma tristeza confortável
Afago dolorido
Mão bruta
A alma presa pela garganta
Arremessada, com toda a força, para dentro de um corpo cansado
E lá no fundo, uma voz feia e arrastada
Arranhada
Desconfortável
E cheia de escárnio
Diz que é hora de voltar
Um beijo frio
Despedida amena
Tal como a chegada
E não posso deixar de me surpreender
O pouco tempo à penumbra
É mais que o suficiente
Para me fazer esquecer
De como a luz machuca
E eu volto
E tudo segue
Lá se vai minha serenidade.
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