quarta-feira, 9 de maio de 2012

Retratos

Deslizo o dedo pela sua foto,
Esperando que você, tão longe,
Possa sentir algo.

Esse rosto, lindo e sorridente,
Que tantas vezes toquei,
Hoje me olha frio,
Emoldurado.
Distante e protegido de mim,
Atrás de um vidro embaçado
Por lágrimas e beijos.

Uma infinidade de fotos
E lembranças.

Registros de um começo incerto,
Mas extremamente feliz.
Dois rostos juvenis,
Com um sorriso envergonhado,
Ainda não acostumados
Ao novo mundo que se mostrava.

E na noite,
Perdidos em nossa própria alegria,
Mais fotografias.
Às luzes de uma praça qualquer,
Um beijo torto,
Fora de foco e desenquadrado.
Lábios apertados,
Misturados a um sorriso.

Festas, viagens, momentos.
São tantas imagens.

E um simples álbum,
Aos poucos se transforma em um livro de gravuras.
Um livro que, mesmo sem palavras,
Conta a melhor de todas as histórias.

E assim, atravesso noites e madrugadas,
Contando para mim a mesma história,
Um incontável número de vezes,
Enquanto, feito criança, espero adormecer.

Mas não consigo.

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